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O Segredo das Larvas, Stefano Volp

“Este é o segredo das larvas: você nunca sabe o que elas poderão se tornar”


Freya Andara é uma das moradoras da Colônia destinada a pessoas negras. Diferente de suas colegas de trabalho, nossa protagonista tenta de tudo para não chamar atenção e não ser levada para a Metrópole. Eles escolhem as meninas mais bonitas e as levam para trabalhar, e por mais que muitas ali achem ser uma ótima oportunidade de mudar de vida, Freya sabe que está longe de ser algo bom, ainda mais depois que sua mãe, uma das únicas pessoas que retornaram da Metrópole, voltou sem sua língua de lá. Mas o destino muda a mente da jovem e a faz arrumar um jeito de se enfiar no trem e ir para onde tanto queria fugir.


Quem vai para a Metrópole perde sua identidade, é treinada para servir e apenas isso, como se fosse menos humana do que quem detém o poder. Além disso, todos na Metrópole têm dispositivos com contagem de pontos que funcionam como uma moeda local, além determinar a classe social de cada indivíduo.


O Segredo das Larvas é uma distopia nacional que trabalha temas como racismo, preconceito social, escravidão, entre outros. Nesse universo, uma crise elétrica fez com que as pessoas fossem segregadas, principalmente pela cor da sua pele. Umas exploram e outras são exploradas. Como o esperado de distopias, pelo menos na minha visão, não é uma leitura muito fácil. É como uma versão “moderna e distópica” da escravidão, onde pessoas negras são arrancadas de suas famílias, perdem seus nomes e são levadas para servir como objetos. Além da referência ao período escravagista, traz também muito do que acontece diariamente com pessoas negras ou de classes menos favorecidas, o que para mim deixou ainda mais completa e atual a história.


É uma trama que mistura inúmeras temáticas distópicas e por mais que distopias não sejam meu tipo de leitura favorita (principalmente a parte do totalitarismo e super segregação de grupos) O Segredo das Larvas ganha muitos pontos comigo por focar na questão racial. Convenhamos, muitas distopias são criadas sobre o ponto de vista de pessoas brancas e por mais que possam tratar questões raciais, estas são deixadas em um segundo ou terceiro plano.


Uma coisa que me incomodou porém foram algumas ações das personagens, não consegui entender muito as motivações por trás de certas escolhas, principalmente nos primeiros capítulos. Mas não foi nada que tenha passado de um leve estranhamento, não atrapalhou a leitura.

Achei um livro bem atual, com questões que nos fazem refletir sobre diferentes áreas de nossa sociedade, com a forma que estamos vivendo e até onde isso pode nos levar. Mesmo sendo ficção, é triste e doloroso pensar que muitas das situações descritas no livro não estão tão longe das que acontecem hoje em dia me nossa sociedade.

“Não podemos limpar sua pele, mas podemos clarear sua alma.”

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